24/Sep/2018 às 15:10h
Um exame de DNA realizado em uma bituca de cigarro comprovou que o capitão da Marinha Andre Chamarelli Teixeira foi o responsável por estuprar uma mulher no Rio de Janeiro.
O homem, de 36 anos, já era o principal suspeito de praticar o crime contra uma vizinha. Em depoimentos à polícia, ele sempre negou qualquer envolvimento.
Nas redes sociais, Andre Chamarelli apresenta-se como um homem ‘honrado’ por servir a Marinha do Brasil e afirma ser um cristão devoto.
O caso ocorreu em abril, no apartamento da vítima. Ela estava dormindo quando acordou com o agressor na sua cama, encapuzado e portando uma arma de fogo, tentando sufocá-la com um pano embebido em uma substância entorpecente.
Após entrarem em luta corporal, ela mordeu a mão de André e se desvencilhou. Contudo, ele a ameaçou com a arma e voltou a cometer o abuso sexual, largando então a pistola calibre 40 ao lado da cama.
“Nesse momento ela conseguiu desarmá-lo e dar uma coronhada nele. Os dois foram lutando até o banheiro, onde ela deixou cair o carregador da arma dentro do vaso sanitário. Foi então que ele tomou a pistola de volta e foi embora”, disse a delegada Rita Salim.
Apavorada, a vítima se trancou no quarto e pediu ajuda a vizinhos em um grupo do condomínio no WhatsApp. O militar, que também participava do grupo, foi o primeiro a oferecer auxílio, perguntando se podia entrar no imóvel pela varanda, já que a porta principal também estava trancada.
Ao chegar no apartamento, a mulher reconheceu a voz do vizinho como sendo a mesma do agressor. Ao saber que o carregador estava na privada, ele pegou e guardou na cintura. Com a chegada dos PMs, ele, que já tinha ido novamente em casa, negou que teria pegado o objeto.
“Ele disse no grupo [de WhatsApp] que era da Marinha, que está armado, ‘vou aí te ajudar’. Só que na verdade ele só queria voltar para resgatar o carregador que ele tinha perdido. O carregador dele é numerado. Certamente com aquele carregador, a polícia acharia ele muito rápido”, acrescenta o promotor Alexandre Murilo, do Ministério Público estadual (MPRJ).
“Juntando esses dois pontos, a identificação da voz e o fato dele ter mentido para os policiais, ela teve a certeza de que era o autor do estupro”, afirmou a delegada.
Os policiais encontraram o carregador molhado dentro do cofre do acusado. No entanto, André sempre negou o crime e recusou a fornecer material genético para confrontar com o sangue encontrado no imóvel.
Na delegacia, durante os depoimentos, o próprio capitão deixou várias bitucas de cigarro que havia fumado. Elas foram recolhidas por um agente e enviadas para o Instituto de Pesquisa em Genética da Polícia Civil.
“Chamamos ele aqui na delegacia, perguntamos se ele poderia oferecer material (carregador), já que existia essa dúvida. Ele se negou. E aí, ele é fumante, fumou vários cigarros aqui, do lado de fora da delegacia, na porta da delegacia. E aí depois que ele foi embora, os policiais arrecadaram todas as bitucas de cigarro que continham a saliva dele e mandamos para pesquisa de DNA. Nós fizemos, na verdade, um confronto entre o vestígio encontrado no local, o sangue, e a saliva da guimba de cigarro”, contou a delegada.
Só com o resultado do exame de DNA feito a partir da comparação entre a saliva e o sangue deixado no local é que foi possível pedir a prisão preventiva, após a denúncia do Ministério Público estadual (MPRJ).
O capitão da Marinha encontra-se detido em presídio militar à disposição da Justiça.